sexta-feira, 5 de abril de 2024

Gente da Gente, relembra:

 A Professora “Marinheira” e o Instituto Santa Rita - Uma história a ser lembrada

Numa época em que promover educação e frequentar escola era algo muito dificultoso, surgiu em Pombal, interior da Paraíba, o Instituto Santa Rita, Escola que funcionava inicialmente sob o regime de internato, e tinha à frente a corajosa Professora Maria Cavalcante da Silva, D. Marinheira.
 
Nascida em Alagoa Grande-PB, em 28 de dezembro de 1919, filha de Joaquim Jerônimo Cavalcante e Rita Cavalcante da Silva, D. Marinheira já aos 13 nos demonstrava sua vocação para o exercício do Magistério na cidade do Recife-PE, onde residia. 
 
O epíteto de “Marinheira”, ganhara de um Oficial da Marinha, amigo da família, que ao vê-la em tenra idade, admirado com a cor tão clara da pele da criança, comparou-a ao branco de seu uniforme aduzindo que aquela criança “parecia uma marinheirinha”; e o apelido ficou. 
 
Anos mais tarde, já adulta, tendo fixado residência em Pombal-PB, onde seu pai instalara uma indústria de bebidas, D. Marinheira iniciou suas atividades como professora lecionando em sua própria residência. Não demorou muito e a fama da Professora logo se espalhou ocasionando um crescente número de alunos, sendo necessário iniciar a construção de um prédio próprio para a Escola (Instituto Santa Rita) bem como de duas casas para abrigar os alunos e alunas internos. 
 
O rigor e a disciplina da professora, que contava com a famosa palmatória como “auxílio didático-pedagógico”, logo espalhou-se pelo Sertão e o Instituto Santa Rita passou a receber alunos não apenas de Pombal, mais também de outras cidades e até estados circunvizinhos. As aulas ministradas eram concorridas e os alunos sabiam a tabuada e a cartilha de cor e salteado, até porque se assim não fosse suas mãos beijavam o rosto duro de uma palmatória (apelidada de “Chiquinha”) feita de cumaru manejada com tamanha habilidade e destreza pela Professora Marinheira.
 
O quadro (que hoje chama-se lousa) era escrito com giz e o apagador uma esponja esverdeada surrada pelo tempo. “Recursos didáticos” esses que faziam os alunos doutores quando recordavam a existência de “Chiquinha” (palmatória).
 
A danada da palmatória era tão eficiente em seu ofício que havia até um ranking, criado pelos alunos, para classificar qual das Professoras melhor utilizava e manuseava aquele discutível “recurso pedagógico”. A professora Marinheira, claro, ganhava em todos os quesitos: habilidade, destreza, força no braço e pontaria. Tão logo “gaguejava-se” a lição ela entrava em cena. Não errava uma. Depois, em segundo lugar, vinha o professor Guimarães, que além de lecionar também era mágico. A Professora Marinheira, com a palmatória na mão fazia o alunado tirar leite de pedra soletrando até o insoletrável.
É óbvio que não se conhecia a pedagogia de Paulo Freire, Darcy Ribeira ou Florestan Fernandes, o fato é que se aquela “metodologia” era certa ou errada, agora pouco importa; mas uma coisa hoje é indubitável: aquela palmatória formou muitos médicos, advogados, engenheiros e, acredite, até professores.
 
Em pouco tempo, a Escola já contava com cerca de 150 alunos internos matriculados. Como já dito, pelas mãos e palmatória da Professora Marinheira passaram alunos que hoje tornaram-se médicos, juízes, advogados, professores, engenheiros e políticos de nossa cidade e região como o saudoso Dr. Marcos Benjamim, ex-juiz e ex-Secretário de Segurança Pública da Paraíba e Cezar Maia, ex-prefeito do Rio de Janeiro. 
 
No Instituto, a professora Marinheira contava com o apoio de uma boa equipe, dentre eles podemos destacar as pessoas de Neta, Daniel, Joana Daniel, Anete, Maria, Maria de Jesus e outros.
 
Um fato bastante interessante e merecedor de registro é que o Instituto Santa Rita recebia mantimentos e vestuários da Legião Brasileira de Assistência (LBA) para serem doados a pessoas carentes de nossa cidade, principalmente os residentes nas periferias. Ocorre que a distribuição das roupas e alimentos na região do prostíbulo (cabaré) era feita de madrugada pela Professora Marinheira e Naninha Fontes. Naquela época, não se concebia que duas moças de famílias fossem vistas transitando na região do “baixo meretrício”, mesmo que fosse para fazer doação aos necessitados. 
 
Os alunos internos e semi-internos, trajados com as cores do fardamento, quase militar, logo receberam o apelido de “Rolinhas Fogo-Pagou” de D. Marinheira, numa alusão a ave silvestre da nossa região cuja cor do uniforme escolar imitavam as cores de suas penas. Em contraposição, os alunos do Instituto Santa Rita faziam alusão aos alunos do Grupo de Anita, do Professor Guimarães na Sede Operária e de Neném de Misto impingindo-lhes a alcunha de “Periquitos”.
 
A Escola chegou a ter uma filial funcionando sob a direção da Professora Marinheira na vizinha cidade de Sousa-PB. 
 
A Professora Marinheira era irmã do Tenente Raul Cavalcante, Oficial da Marinha do Brasil, e em 01 de novembro de 2009, aos 90 anos de idade, veio a falecer na cidade de Pombal, deixando além de um grande legado na educação de Pombal e da Paraíba, a filha Maria do Remédio Assis Cavalcante e os netos Renata Priscila, Maria Rita, Nemésio e Joanne Maria. 
 
Fica aqui o nosso respeito e o mais alto reconhecimento ao trabalho educacional prestado pela Professora Maria Cavalcante da Silva, D. Marinheira, a Pombal e região. 
 
Teófilo Júnior

sábado, 16 de março de 2024

sexta-feira, 15 de março de 2024

quinta-feira, 14 de março de 2024

quarta-feira, 13 de março de 2024

terça-feira, 12 de março de 2024

segunda-feira, 11 de março de 2024

domingo, 10 de março de 2024

Pedido de desculpas...


Inadvertidamente, sem querer ofender, traído pelo momento de descontração, acabei chamando o amigo Antônio 51 de "cachaceiro". Magoei. Com razão, taxou-me de ofensivo, preconceituoso e ultrapassado. 
 
Para não perder o amigo apressei-me em minhas escusas:
 
- Querido Antônio, desculpe-me pelo embaraço e releve essa descortesia em nome de nossa velha e duradoura amizade, sei que errei mas foi involuntariamente, movido muito mais pela intimidade que dispomos. Prometo que, doravante, vou tratá-lo por Toinho cana-afetivo!
 
Cioso do seu perdão, 
 
Seu amigo
 
Teófilo Júnior

sábado, 9 de março de 2024

 

Porque andei sempre sobre meus pés, e doeu-me às vezes viver.

Mia Couto...

 

 


EU SEI, MAS NÃO DEVIA

A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora, a tomar café correndo porque está atrasado.
 
A gente se acostuma a ler o jornal no ônibus porque não pode perder tempo na viagem, a comer sanduíches porque não tem tempo para almoçar.
 
A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios, a ligar a televisão e assistir comerciais.
 
A gente se acostuma a lutar para ganhar dinheiro, a ganhar menos do que precisa e a pagar mais do que as coisas valem.
 
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não a das janelas ao redor.
 
A gente se acostuma a não abrir de todo as cortinas, e a medida que se acostuma, esquece o sol, o ar, a amplidão.
 
A gente se acostuma à poluição, à luz artificial de ligeiro tremor, ao choque que os olhos levam com a luz natural.
 
A gente se acostuma às bactérias da água potável, à morte lenta dos rios, à contaminação da água do mar.
 
A gente se acostuma à violência, e aceitando a violência, que haja número para os mortos. E, aceitando os números, aceita não haver a paz.
 
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. A gente se acostuma para não se ralar na aspereza para preservar a pele.
 
A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que de tanto se acostumar, se perde por si mesma.
 
A gente se acostuma, eu sei, mas não devia.
 
(Marina Colasanti)


 Você não precisa superar ninguém, você só precisa superar a si mesmo.

Gente da Gente

O Gente da Gente, na Semana da Mulher, conversou com a pombalense Francisca de Sousa Guilherme, a nossa querida "Chica de Tadinha". Um bate-papo muito agradável com uma mulher forte, inteligente e que soube enfrentar o preconceito e as dificuldades da vida sem perder a ternura, a esperança e o encanto.

Teófilo Júnior

 


domingo, 3 de março de 2024

 

“A vida tem muitas partes, cada uma vem como um lançamento de dados, o número que você obtém depende dos dados, o movimento que você faz depende de você.”

Khyati Ahya.

 


 

Talvez mais do que esteticamente sensíveis ou politicamente corretos, o que nós devemos mesmo ser é ativamente bons.

José Saramago

 


Valdeci Ferreira Viera, o decano Oficial de Justiça da cidade de Pombal-PB

 


sábado, 2 de março de 2024

 


"Ao longo da noite vou lendo as minhas velhas cartas. Vejo como a minha letra mudou e penso: a caligrafia é parte do corpo, a minha escrita foi ganhando rugas com a idade."

(Mia Couto, in "O Mapeador de Ausências".)

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

O BANG-BANG DA PALHOÇA PANATY

Na década de 70 a Palhoça Panaty (Pombal-PB) foi palco de um intenso e inusitado tiroteio. De um lado, Nivaldo Wanderley, proprietário da Palhoça; do outro, um cliente armado. Entre eles, no meio do fogo cruzado, um Oficial reformado da Marinha do Brasil, Ten. Raul Cavalcante, e Rommel, seu filho menor. 

O GENTE DA GENTE faz o resgate do episódio ocorrido na Rua Odilon Lopes, nesta cidade de Pombal-PB. Assista e veja como tudo aconteceu.
 
Teófilo Júnior