segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

O dia em que a coluna passou

Há exatos 92 anos, no dia 09 de fevereiro de 1926, a Coluna Prestes protagonizava um episódio triste, “coroado” por uma chacina perpetrada contra os moradores da cidade de Piancó.

Até hoje, historiadores oficiais fazem de tudo para obscurecer o episódio, para não tirar a “aura” de heroísmo da coluna citada. Pelo menos em relação a Piancó, não houve heroísmo algum, conforme relatarei a seguir:

Dia 09 de fevereiro de 1926, a Coluna Prestes irrompe em Piancó. Logo de cara, um dos membros da coluna, o capitão Pretinho, é atingido com um tiro. A coluna ensandece e faz um ataque de ferocidade sem par, que culminou com morte do Padre Aristides, líder político da cidade, e mais quarenta homens que com ele estavam para defender a localidade.

Em verdade, tudo nasceu de um mal entendido (?). O combinado seria a coluna passar, sem qualquer incidente, e o chefe local, padre Aristides, houvera garantido à Coluna que tudo correria em paz. O padre, inclusive, já havia até preparado tudo para ir embora da cidade, com a família, que realmente a abandonou, o que, aliás, foi feito pela maioria dos moradores.

Ocorre que o padre recebera, de última hora, um comunicado do Presidente do estado (na época, o que hoje se chama governador se chamava Presidente) dizendo que a coluna estava faminta, quase desarmada e com poucos homens: uma armadilha!

O padre caiu na armadilha do Presidente da província e resolveu enfrentar a Coluna, mesmo tendo com ele apenas 40 homens, acreditando que esta estava enfraquecida.

Como já foi dito, logo na entrada da cidade um oficial da coluna é baleado e morto. A coluna, ensandecida, parte em busca de matar o padre e quem estivesse ao lado dele.

Só que a coluna não fez apenas isso: saqueou os estabelecimentos comercias da cidade, levando víveres e ateando fogo ao que eles não iriam aproveitar. Sem deixar, é claro, de praticar uma verdadeira chacina contra os homens do padre, sangrando-os e os matando. O padre teria até sido – segundo versões não comprovadas oficialmente – obrigado a engolir os testículos, após ser sangrado, e antes da morte definitiva.

Até aí não há controvérsias.

As controvérsias estão num ponto da história em que se afirma que os Leite – a família dominante na região antes do domínio político do padre – terem usado homens que teriam se infiltrado entre os da Coluna para matar, de forma cruel, o padre.

Jamais foi provado que sim; no entanto, não foi provado que não.

Essa história é contada por mim, de forma absolutamente imparcial, no meu cordel “A Coluna Prestes em Piancó”, lançado em 2012. Capa de Flávio Tavares.

João Trindade 

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